por Mohini Panjabi
Numa vida muito ocupada, a oportunidade para desfrutar de um longo período de silêncio é um verdadeiro presente; é um momento em que afastamos, intencionalmente, a nossa atenção da confusão das conversas e dos compromissos, das imagens e das mensagens, das listas e das obrigações, e calmamente, entramos em sintonia com o nosso espaço interior.
- Para alguns de nós, o silêncio foi-nos imposto como um castigo no nosso passado; por exemplo, um dos nossos pais era capaz de nos repreender: “cala-te e vai para o teu quarto.” O silêncio, no qual vamos aqui entrar, é uma escolha. Este tipo de silêncio é uma oportunidade para descobrir, para encontrar coisas novas e diferentes. A ausência da fala é bastante diferente quando escolhemos não falar.
- O silêncio não é falta de comunicação; há uma linguagem subtil que nos conecta uns aos outros, através dos olhos, de um sorriso ou de um gesto. Nesta linguagem subtil, existe uma fluência que apela à nossa capacidade de observar os pequenos detalhes da vida. À medida que desenvolvemos a nossa capacidade de usar esta linguagem subtil, apercebemo-nos de que vamos ficando menos dependentes de instrumentos mecânicos, que tanto nos podem aproximar, como fazer-nos sentir mais afastados dos outros.
- Ao entrarmos no espaço interior de silêncio, estamos a sintonizar-nos com o espírito da nossa natureza e a abandonar a tendência de sermos críticos.
- O silêncio dá-me a oportunidade de identificar as qualidades dentro de mim, que têm a capacidade para me transformar. No silêncio, consigo ligar-me à qualidade mais elevada do meu pensamento mais límpido e claro.
- A ação nasce das sementes do pensamento; as ações são o fruto dessas sementes. Em que tipo de solo é que decido plantar as sementes dos meus pensamentos? De violência ou de paz? De raiva ou de amor? Estas escolhas são transformadoras.
- O tipo de consciência que eu consigo alcançar através do silêncio, tem a ver diretamente com a qualidade do meu entendimento. O entendimento “quando há som” é um processo cognitivo, enquanto que “no silêncio” é mais subtil, e resulta em realizações que emergem de dentro de nós. São tipos de experiências bem diferentes.
- No silêncio, eu descubro as minhas qualidades inatas, aquelas que são intrínsecas a quem eu sou. Aqui, no silêncio, eu entro em contacto com o meu ser eterno e começo a confiar nesta essência mais profunda.
- A experiência do reconhecimento das minhas qualidades únicas e intrínsecas, aumenta a minha capacidade de receber. No silêncio, entro em contacto com a minha força interna e experimento confiança, fé, segurança, beleza e dignidade. É a partir desta força interna que as minhas ações evoluem.
- No silêncio, eu posso ouvir o chamado de Deus, o chamado da natureza, o chamado daqueles que se encontram necessitados.
- O silêncio é um espaço interior de aprendizagem. Quando há alguma coisa que eu não entendo, não desisto; quando aprendo a lição então posso libertar-me e seguir em frente.
- No silêncio, eu descubro a verdade ao entrar em contacto com o meu “eu” verdadeiro. O silêncio faz aumentar a minha capacidade de manter a verdade dentro de mim.
- O silêncio é uma oportunidade para descansar no colo da minha própria grandeza. Lembre-se de cuidar de si próprio com a mesma atenção especial que daria a qualquer grande alma.
- O silêncio é a disciplina do “ser” e não do “fazer”.
Use estes pensamentos em relação ao silêncio como um aperitivo, escolhendo o que quiser, de forma a auxiliá-lo em direção ao seu espaço interno de silêncio.
Mohini Panjabi partilhou estas ideias no âmbito do programa “Call of Time” (O Chamado do Tempo), no Uruguai em 2001, preparando os participantes para um dia de silêncio.